quarta-feira, 16 de abril de 2008

POSSO FALAR?

Personalidade não é mais a opinião formada em relação a alguma coisa, e sim, o que se deve pensar a respeito dela.

Helane Carine Aragão
hcabomfim@gmail.com


Preto, não! Afro-descendente. Há quem diga que ser chamado de preto é pejorativo, e quem chama está sendo politicamente incorreto. Ou seria deselegante? Afinal, o que é ser politicamente correto? Pergunta-se a QUATRO indivíduos, da mesma classe social, grau de instrução e negros. Ou pretos? De qualquer forma pergunta-se: Como você gosta de ser chamado? Preto, negro ou afro-descendente? Dois logo respondem: Sou preto! Um diz que não gosta de ser chamado de preto e sim, afro. Preto para ele é pejorativo. O quarto diz que tanto faz.

Essa história de afro-descendente nasceu nos Estados Unidos e como tudo que acontece por lá, foi precariamente copiado aqui. A intenção era diminuir a adversidade e diferença racial entre a população. Ao contrário do que acontece lá, o que deveria ser politicamente correto, ou seja, acabar com as diferenças e preconceitos de cor, aqui, tornou-se algo gritante aos olhos e aos ouvidos. Ser chamados de preto é racismo, quando na verdade, o racismo e o preconceito são mais latentes no próprio negro, ou preto, ou afro-descendente. O mesmo vale para o cego - Ops! - deficiente visual. Xingamento pejorativo entra na lista. Homossexual! Homossexual! Viado, não pode. Bichinha afetada, cruzes, é preconceito.



Agora, antes de dizer o que pensa, é preciso pensar mais de uma vez no que vai falar. Qualquer deslize ou descuido pode tornar o cidadão no ser mais bugre da humanidade - ou seria da nossa sociedade? Não há uma regra sobre o que é politicamente correto ou incorreto, se é moral ou amoral, ético ou antiético. Regras de etiqueta - Urgente! - para não ser deselegante. De repente, ter personalidade e falar o que pensa, não é mais ter convicções e opiniões formadas sobre algo, alguma coisa ou alguém. Principalmente se o assunto for tabu ou um conceito preestabelecido e enraizado e4m relação à de quem pensou, ou falou. Ser contra as cotas é imoral. Nem pensar, quanto mais, falar.

Talvez estejamos entrando numa era onde o pensamento deverá ser condicionado em relação ao que a maioria acha, ou pensa, ou acha que pensa que tem a razão absoluta. A cartilha de termos criada por desocupados da Secretaria Especial dos Direitos Humanos – Opa! Classificá-los assim é politicamente incorreto – já foi divulgada. Mas torná-la usual vai de encontro às crenças e tradições de um povo secular. Por enquanto a população vai podando certos vícios de linguagem.

Um comentário:

Anônimo disse...
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