
Helane Carine Aragão
hcabomfim@gmail.com
Quem olha para a piscina, pode imaginar tudo, menos que está acontecendo uma aula de natação. Brinquedos são espalhados pelo deck e a figura adulta do professor estimula e sugere brincadeiras entre as crianças. “Quando eu contar até três, vai todo mundo pular na piscina e segurar a corda”, comanda Fábio Sá, professor de natação infantil e especialista em psicomotrocidade. Segundo ele, o bebê desenvolve, de maneira inconsciente, resistência natural contra o afogamento devido ao ambiente uterino na fase de gestação. “Até completar dois anos, o bebê possui um bloqueio nato que o impede de se afogar”, explica Sá.
A natação contribui para o desenvolvimento da personalidade da criança e desenvolvimento psicomotor. Proporciona, também, aumento da percepção e ajuda na construção da inteligência, afetividade e aprendizagem, além de participar no processo de formação corporal. Outro benefício, favorecido pela atividade, sobretudo nessa fase infantil, é o reforço do sistema cardiovascular. Segundo o especialista, a natação infantil, através do uso dos brinquedos gera um sentimento de “confiança básica”.
A aula também estimula os sentidos perceptivos, sobretudo laterais. Exercita músculos sem causar impacto nas articulações e problemas nos ligamentos, melhora a capacidade cardiorrespiratória e recuperação de doenças como a asma, bronquite e problemas ortopédicos. Lida com a coordenação, o equilíbrio, a agilidade, a força e a velocidade. Desenvolve as capacidades psicomotoras e perceptivas como: auditivas, visual e tátil. Aumenta as noções espaciais, temporais e de ritmo, além do desenvolvimento da sociabilidade e da autoconfiança.
Fábio explica que “estar entre os coleguinhas da sala de aula e muitos brinquedos, ajuda a não temer a profundidade da piscina”, o que proporciona uma hora-aula de diversão. As aulas são uma grande brincadeira. Vários tipos de brinquedos são espalhados pelo deck, que se transforma em um playground molhado. Bolas, cordas e bonecos ajudam os pequenos nadadores a desenvolver uma sensação de segurança ao entrar em contato com a água.

No primeiro dia de aula de natação de Maria Carolina, seis anos, a mãe, Renira Santos, 23, não foi assistir. “Ah, me deu um desespero!”, exclama a mãe coruja. O receio que algo acontecesse à filha dentro d água, foi maior que a emoção da estréia da pequena sereia. “Fiquei com medo que ela pudesse se afogar”, justifica-se. O medo de Renira, assim como o de Maria Carolina, que vai se soltando aos poucos das bordas da piscina, mesmo utilizando bóias nos braços, é comum entre as mães que optam pela natação para os filhos, e crianças que tem a piscina como ambiente desconhecido.
Segundo Sá, este medo pode ser trabalhado e até mesmo sanado se o esporte aquático for introduzido como atividade esportiva nos primeiros meses vida da criança.
Edimilson Lima, antes de matricular a filha, Elen Lima, oito anos, na escolinha do esporte que pratica, ele a questionou se ela gostaria de fazer natação. Ela disse que sim.
A atitude do pai foi de essencial importância, pois crianças que iniciam atividade esportiva por meio de imposição, ao atingir a adolescência, deixam de praticar o esporte, que não gostam, e se tornam sedentárias. Lima conta que o outro filho, Edenilson Lima, 14, começou a praticar futebol desde muito novo. “Meu filho não queria saber de estudo, mas depois que começou a freqüentar a escolinha de futebol, voltou a querer ir para a escola e as notas melhoraram muito. Hoje ele não me dá trabalho para estudar”, conta alegre o pai.
Além de todos os benefícios físicos na criança, o esporte ainda contribui para um rendimento mais satisfatório em seu processo de alfabetização. Segundo a coordenadora pedagógica Maria Elisabeth Perdiz da Silva, a natação infantil, assim como outros esportes, é um agente educativo, pois lida com atividades lúdicas de aprendizado. “No caso de crianças, entre a faixa etária de dois e seis anos, o processo de alfabetização e relação social se torna algo simples e bem sucedido pois atua em todo o processo de desenvolvimento psicomotor”, complementa.
Saiba mais sobre: Psicomotricidade.
A psicomotricidade é uma prática pedagógica que visa contribuir para o desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo-emocional e sócio-cultural, buscando estar sempre condizente com a realidade dos alunos.
A Psicomotricidade dá-se através de ações educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança, proporcionando formação de uma imagem do corpo e contribuindo para a formação de sua personalidade e desenvolvimento da inteligência.
A natação infantil executa psicomotrocidade quando coloca em movimento braços e pernas e gera na criança a ação de deslocamento dentro d água.
Nenhum comentário:
Postar um comentário