quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Programa cultural, barato e agradável para a semana santa.

Com R$12 pode-se conhecer um lugar de recantos e encantos, sem sair de Salvador.

Helane Carine Aragão
hcabomfim@gmail.com


O poeta Vinicius de Moraes dá a receita: coloque "o velho calção de banho" e tire "o dia para vadiar, num mar que não tem tamanho", com R$ 12,00(doze reais) no bolso. Nascida de uma vila de pescadores, o tempo não apagou as características de um dos bairros mais antigos de Salvador. Quem visita o lugar garante, a impressão é de que tudo parou na história, exalando musicalidade, sensualidade e poesia. O lugar, que o "poetinha" fez residência, é embalado ao balé das lavadeiras da lagoa do Abaeté e dos puxadores de rede da colônia de pescadores formada na areia da praia, ao som do ritmo afro do Malê de Balê. Ir a Itapuã é tentar entender o que Caymmi e Moraes diziam com: "depois da praça Caymmi, sentir preguiça no corpo e numa esteira de vime, beber uma água de coco (R$ 1,50). É bom, passar uma tarde em Itapuã".

R$ 4,00(quatro reais) é quanto custa o ônibus que leva e traz de volta os visitantes à realidade. Aloísio Bomfim, engenheiro, morador de Piatã, confessa visitar o lugar, pelo menos, uma vez por semana depois do trabalho, para rever amigos, comer um acarajé e tomar uma cerveja gelada (R$ 3,00). Itapuã fica a 23 quilômetros do centro de Salvador, em direção ao aeroporto Luis Eduardo Magalhães. Segundo a turismóloga Fernanda Carvalho, proprietária da de uma agência de turismo diz que “os turistas que me procuram nem sabem da existência do bairro. Eles querem saber como chegar ao centro histórico, Pelourinho, ou no Mercado Modelo". A moradora assume que nunca prestou atenção do bairro. Ela sabe que tem uma baiana de acarajé que vende o produto e que é muito bom.

Para começar – Todos os dias acontece a puxada de rede, balé dançado pelos pescadores na beira da praia. “A puxada não tem hora para acontecer. A gente vê que está dando peixe e saímos”, explica Argemiro Santos, petroleiro aposentado, proprietário de 14 barcos de pesca. Bem verdade que, quase nada tem hora marcada pela região. Miro, como os companheiros o conhecem, diz que o preço do peixe varia com a quantidade e qualidade do que vem na rede. Eles vendem o produto da pesca nas peixarias do bairro. Para o pescador, pouco importa se ganha dinheiro com o pescado do dia. “Já saí inúmeras vezes da cidade a trabalho, mas sempre volto. Itapuã é meu refúgio. Foi aqui que cresci e me criei. Não existe lugar no mundo com a simplicidade que se encontra aqui”, conclui ele.

Para experimentar – Saindo da cabana dos pescadores, andando em direção ao Quiosque de Janaína, chega-se ao largo da Sereia onde fica o tabuleiro da baiana Cira. O acarajé é um dos mais famosos da região metropolitana e a quituteira já possui filiais espalhadas pela cidade, além de um restaurante de cardápio mais requintado na Ladeira do Abaeté. Tatiana Leão, estudante de direito e residente do bairro do Rio Vermelho, diz que foi levada ao lugar por uma amiga. “Gostamos de vir até aqui, sentar e sentir a brisa bater no rosto. Jogar papo fora, comendo este acarajé delicioso e tomando uma cervejinha gelada”, ela sorri satisfeita com a declaração. A estudante afirma que o melhor do lugar é que “todo mundo se mistura”. No largo da sereia fica o Bar e Restaurante Posto 12. Ao fundo do restaurante a vista para a praia e a riqueza do cardápio são os grandes atrativos da visita. Além do acarajé, beijús, vendedores ambulantes de amendoins torrado ou cozido, queijo coalho assado na brasa, efusões de ervas e uma infinidade de aperitivos, típicos da Bahia, podem ser encontrados no lugar. O difícil é escolher apenas um. Paloma Batista comenta que não consegue comer apenas uma coisa. “Acabo comendo de tudo!”, afirma ela.

Para passear – Saindo do Largo da Sereia, subindo a ladeira do Abaeté, chega-se ao Parque Metropolitano, que recebe o mesmo nome da ladeira. A companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia- CONDER (http://www.conder.ba.gov.br/)- estima que, a área possui 12 mil metros quadrados de preservação e 225 hectares de área urbanizada. O parque é composto pela lagoa, que dá nome à região, dunas de areias brancas, vegetação, caminhos de circulação, mirante, quiosques e policiamento. É aberto ao público durante todos os dias da semana. Nos Bares e restaurantes, situados no núcleo central, pode-se encontrar apresentação de música ao vivo. Ainda no núcleo foi construída a Casa das Lavadeiras, que lavavam suas roupas na beira da lagoa, poluído-a, e a Casa de música que recebe diversas exposições e reúne acervo musical com vídeos, fotos e instrumentos musicais. A última mostra, no mês de fevereiro, foi sobre o bloco afro-carnavalesco Malê de Balê que tem sede na entrada do parque.

Se o bolso permitir – Para quem quer conforto, um táxi do centro até o bairro custa em média R$ 35,00(trinta e cinco reais), ou no Largo da Sereia existe estacionamento privativo que custa R$ 3,00(três reais), para quem preferir ir de automóvel. No Bar e Restaurante Posto 12, a moqueca de camarão, para duas pessoas, sai por R$ 38,80(trinta e oito reais e oitenta centavos). O prato vem acompanhado com arroz branco e farofa. A cerveja mais cara é da marca Bohemia e custa R$ 3,80( três reais e oitenta centavos). Pode-se ainda, degustar de uma caipirinha que custa R$ 4,50(quatro reais e cinqüenta). O couvert cobrado pelos bares que possuem música ao vivo no Parque Metropolitano do Abaeté pode variar entre R$ 2 e R$ 5, dependendo do horário e da atração. Os beijús, amendoins torrado ou cozido, queijo coalho assado na brasa, efusões de ervas pode custar entre R$ 2,00 e R$ 4,00, vai depender da quantidade e da delícia escolhida para degustar.

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