A feira que vende cultura em forma de mercadorias e histórias.

Helane Carine Aragão
hcabomfim@gmail.com
Marlene Silva tem 52 anos. Todos os dias, ela acorda por volta das 5 da manhã, toma um copo de café preto e deixa o bairro da plataforma para cuidar do negócio que iniciou com seu falecido marido há 9 anos atrás. A viúva diz que se arrepende de ter largado a vida de vendedora em lojas na Avenida Sete de Setembro, para se dedicar a um negócio, hoje, nada rentável. Dona Marlene não tem filhos. Adquiri os produtos que vende em sua banca da própria feira para revendê-los. Assim como Dona Marlene, outros comerciantes tiram da atividade que desempenham o sustento para famílias inteiras durante décadas. Saudosistas, contam que já viveram épocas de vaca gorda num mercado livre quase extinto pela sujeira e pelo descanso da prefeitura.
Antônio dos Santos é proprietário da Casa Yemanjá. Ele recebe ajuda do filho Leandro, 20, já há 8 anos e do filho Thiago,14, que segue os passos do irmão. Dentro da loja produtos vindos de Feira de Santana como efusões, cachaça e azeite de dendê. Outros, a exemplo do artesanato de sisal ou de barro, vindos da cidade de Maragojipe. Seu Antônio chegou a São Joaquim na década de 70. Hoje, os filhos que estudam a noite tomam conta do negócio do pai. Leandro, o mais velho, diz quem não gosta muito de trabalhar na feira, “Mas fazer o quê?”, diz ele, “A nossa família vive disso há muito tempo e meu pai diz que eu tenho que vir cuidar dos negócios da família”, conclui.

Passeando pela feira pode-se encontrar de tudo. Desde produtos alimentícios vindo da cidade de Santa Bárbara como: feijão fradinho, azeite de dendê, farinha e milho, ou a pimenta vinda de Sergipe do senhor Raimundo dos santos, 68, feirante há mais de 42 anos. Ele conta que faz parte da feira desde que ela era em Água de Meninos. “Já vi muita gente ir e vir. Já vi briga de cristão e protestante. Eu sou testemunha de Jeová e tiro meu sustento vendendo pimentas. Nunca me faltou comida na mesa”, declara.
Num Box, que fica ao lado de uma loja de produtos de sincretismo religioso (estátuas de Orixás, galinha viva, pombos e contas de candomblé podem ser encontrados nas prateleiras), atrás de uma banca de frutas e verduras, vende-se farinha e produtos vindos de Santa Bárbara e Maragojipinho. Vânia Santos, 16, inicia seu primeiro dia de trabalho neste box. Ela busca informações com seu colega de trabalho, Jefferson Souza, 20, que já trabalha há 4 anos em São Joaquim. O vendedor diz adorar trabalhar ali. “Se eu não gostasse, não estaria aqui até hoje. Ganho meu salário e ainda me divirto com as coisas que acontecem todos os dias”, relata ele. Próximo dali um grupo de rapazes joga carteado e conversa fora. A feira de São Joaquim, regulamentada em outubro de 1964, fica entre a Baía de Todos os Santos e a Avenida Oscar Pontes, no bairro do Comércio. Funciona das 6 da manhã até as 18 horas.

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