Por Helane Carine Aragão
Nasci na época errada. Queria ser Bohemio. Por mais que eu tente, os dias já não permitem varar as noites em botequins A violência nos assombra cada vez mais. Isso tudo se agrava por então, ainda ter que usar saia.Um dos meus programas preferidos é visitarCira em Itapoan.
Cira é uma baiana de acarajé. A bem da verdade que não consigo enxergá-la apenas baiana de acarajé. Para mim, ela é uma mulher de sucesso. Micro-empresária, que já possui até filias dos quitutes espalhados pela cidade inteira.Mas gosto da sua raiz. Itapoan. A mesma Itapoan cantada em versos por Vinícios. Com a simplicidade e a desorganização urbana, gerada pela vila de pescadores, que ali se instalava em tempos.
É raro comer o acarajé. O objetivo é sentar ao outro lado da rua. No meio da pracinha, onde encontram-se dois quiosques vendendo bebidas. Meu pai é o grande culpado. Foi ele quem acostumou-me às coisas simples. Itapoan tem um cheiro especial. Há quem diga que cheira a peixe podre e que as ruas estão sempre sujas. Motorista por aqui é “dono da rua” mesmo, sempre tem alguém conhecido andando sobre a calçada, e você corre o risco de levar uma cagadinha de pombo na testa.
Meu pai até hoje costuma beber uma cerveja gelada em pé no balcão do quisoque do Carlinhos - filho de Cira. O movimento é de segunda a segunda-feira. Não se encontra dessas coisas pela Bahia inteira, apesar de ser coisa de baiano. Itapoan tem sua magia. Depois de apresentada àquele, que hoje é o meu lugar preferido, passei a levar quem eu gosto. Primeiro Maisa, depois Natalia. Ainda sim costumo ir uma vez por semana com meu pai. O ritual é simples, porém sagrado. Ele compra um acarajé para ele. Apenas pimenta e camarão. Que camarão! Eu me abasteço com o amendoim cozido do Neguinho do amendoim e claro, tudo regado a cerveja.
Cira é uma baiana de acarajé. A bem da verdade que não consigo enxergá-la apenas baiana de acarajé. Para mim, ela é uma mulher de sucesso. Micro-empresária, que já possui até filias dos quitutes espalhados pela cidade inteira.Mas gosto da sua raiz. Itapoan. A mesma Itapoan cantada em versos por Vinícios. Com a simplicidade e a desorganização urbana, gerada pela vila de pescadores, que ali se instalava em tempos.É raro comer o acarajé. O objetivo é sentar ao outro lado da rua. No meio da pracinha, onde encontram-se dois quiosques vendendo bebidas. Meu pai é o grande culpado. Foi ele quem acostumou-me às coisas simples. Itapoan tem um cheiro especial. Há quem diga que cheira a peixe podre e que as ruas estão sempre sujas. Motorista por aqui é “dono da rua” mesmo, sempre tem alguém conhecido andando sobre a calçada, e você corre o risco de levar uma cagadinha de pombo na testa.
Meu pai até hoje costuma beber uma cerveja gelada em pé no balcão do quisoque do Carlinhos - filho de Cira. O movimento é de segunda a segunda-feira. Não se encontra dessas coisas pela Bahia inteira, apesar de ser coisa de baiano. Itapoan tem sua magia. Depois de apresentada àquele, que hoje é o meu lugar preferido, passei a levar quem eu gosto. Primeiro Maisa, depois Natalia. Ainda sim costumo ir uma vez por semana com meu pai. O ritual é simples, porém sagrado. Ele compra um acarajé para ele. Apenas pimenta e camarão. Que camarão! Eu me abasteço com o amendoim cozido do Neguinho do amendoim e claro, tudo regado a cerveja.
Depois que Maisa se mudou para São Paulo e Natália para Boston, minha amizade com Tatiana se intensificou, e apresentei a ela, nosso reduto. Por vezes, conseguimos reunir grande parte do grupo. E outros grupos. Tenho bandos diferentes. Mas o objetivo é sempre o mesmo. Reencontro. É minha terapia. Os problemas são desabafados com pessoas que prezo. Trocamos experiências, risadas, lágrimas e lamentações. Em mesa de bar acontece de tudo. É melhor do que divã de psicólogo. Terapia médica não nos permite tomar cerveja, enquanto ficamos lá, falando, falando e
falando. Do meu jeito, não existe impessoalidade. O único serviço pelo qual você paga é do garçom que te atende. Merecidos 10%.
Em mesa de bar todo mundo fala ao mesmo tempo. Você escuta, você aconselha. Às vezes ficamos só ali, sem falar nada, vendo o movimento, limpando a mente. Eventualmente meus parentes aparecem. Meu padrinho, meus primos, minha tia. Quer me encontrar, vá até Itapoan.
Você pode falar de futebol ou de política. Fala de relacionamento, de saudade e de amizade. Fala de música, de poesia. Fala de receita de moqueca de peixe e ainda sobra espaço para fazer caridade. Lavo minha alma e sossego o espírito.
Recomendo mesa de bar como terapia para os problemas do cotidiano. O terapeuta pode ser um, ou vários. Dá até para se fazer dinâmica de grupo. Importante é o lazer e a cerveja, claro. Precisa de cuidado para não virar dependência. Mas Itapoan é meu vício. Vício de coisas simples. De gente simples, que te faz parar o turbilhão avassalador da rotina, para reparar coisas que você vê todos os dias e não enxerga. Itapoan mistura tudo. Pretos e brancos, baianos e turistas, gente pobre, gente rica. Homens e mulheres. Mistura o por do sol, com o cheiro de maresia. O barulho dos carros, com a gargalhada da mesa vizinha. Tudo junto, em mesas de bar.
falando. Do meu jeito, não existe impessoalidade. O único serviço pelo qual você paga é do garçom que te atende. Merecidos 10%.Em mesa de bar todo mundo fala ao mesmo tempo. Você escuta, você aconselha. Às vezes ficamos só ali, sem falar nada, vendo o movimento, limpando a mente. Eventualmente meus parentes aparecem. Meu padrinho, meus primos, minha tia. Quer me encontrar, vá até Itapoan.
Você pode falar de futebol ou de política. Fala de relacionamento, de saudade e de amizade. Fala de música, de poesia. Fala de receita de moqueca de peixe e ainda sobra espaço para fazer caridade. Lavo minha alma e sossego o espírito.
Recomendo mesa de bar como terapia para os problemas do cotidiano. O terapeuta pode ser um, ou vários. Dá até para se fazer dinâmica de grupo. Importante é o lazer e a cerveja, claro. Precisa de cuidado para não virar dependência. Mas Itapoan é meu vício. Vício de coisas simples. De gente simples, que te faz parar o turbilhão avassalador da rotina, para reparar coisas que você vê todos os dias e não enxerga. Itapoan mistura tudo. Pretos e brancos, baianos e turistas, gente pobre, gente rica. Homens e mulheres. Mistura o por do sol, com o cheiro de maresia. O barulho dos carros, com a gargalhada da mesa vizinha. Tudo junto, em mesas de bar.


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