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Remulo Farias |
Remulo Farias*
Numa conversa em um grupo de trabalho, ouvi tanto falar de líder e associar esse termo a Steve Jobs que resolvi escrever este artigo.
Steve Jobs. Criativo, inovador e talentoso, sim. Porém, um excelente "case" e um bom momento para reflexão no que diz respeito ao que considero o principal papel de um líder: a preparação do seu sucessor. Afinal, onde o está líder "educador" e o profissional por ele preparado ao longo dos anos para dar continuidade a sua obra, sem que o seu afastamento provoque quedas nas bolsas e outros danos mercadológicos? Ainda mais no caso em que a saúde sinalizava de forma concreta para a necessidade de afastamento num prazo não muito longo? Segundo a Folha Online, apesar de anos demonstrando sinais de saúde fragilizada, a renúncia da presidência-executiva da Apple, deixou todos imaginando como seria o futuro de um ícone e da companhia que ele simboliza.
Onde será que esquecemos e passamos a desconsiderar o líder, acima de tudo, como "inspirador", alguém capaz de servir de exemplo e formar seguidores e sucessores tão bons quanto o mestre? Alguém capaz de possibilitar uma transição imperceptível, sem grandes e espetaculares impactos para na continuação de sua obra? Onde estão aqueles que por ele inspirados formam hoje a nova safra de talentos, possíveis multiplicadores do seu exemplo?
Não será esta a hora mais apropriada para refletirmos um pouco sobre a escassez de líderes de que tanto falamos? Ou será que, com o nosso imaginário completamente contaminado por modismos e apelos da mídia, estamos distorcendo as características que identificam um verdadeiro líder?
Será que, ofuscados por uma mídia avassaladora de interesses comerciais, seja para venda de livros, consultoria, programas de TV e outros produtos e serviços, nós não estejamos confundindo as coisas e com isso encontrando dificuldades para separar talentos e entender o que é um líder, um empreendedor e um CEO, ainda que seja possível encontrar todos esses talentos e outros em uma única pessoa? A minha proposta é não nos deixar influenciar pelos holofotes e aproveitar a sua iluminação para aprender mais sobre cada uma dessas pessoas em destaque, com o equilíbrio suficiente para enxergar não somente as suas boas lições, mas também aquelas que não devem ser aprendidas.
Precisamos aprender a nos distanciar um pouco das manchetes e nos debruçar mais profundamente sobre a matéria, a fim de descobrir os elementos que, servindo de exemplo e inspiração, poderão realmente contribuir para o nosso desenvolvimento.
Pelo impacto que causa devido aos inúmeros que nele se espelham e o segue, um líder, principalmente um líder de expressão internacional, deve ser exemplo em todos os papéis que desempenha perante a sociedade, não somente dentro da empresa. A sua responsabilidade para com os outros vai muito além dos seus liderados e deve se expandir para servir sem fronteiras até onde alcance o seu poder, para servir de modelo e influencia a outros, inclusive a sua própria família.
Tenho na Odebrecht o meu melhor exemplo para definir um modelo de organização capaz de formar líderes de forma a garantir o seu crescimento e a sua perpetuação saudável, sem impactos negativos na sua expansão. Talvez muitos não conheçam os seus líderes, pelo menos com o grau de estrelato com que outros se revestem. Porém, eles não são formados para se tornar conhecidos, exceto por aqueles a quem interessam os resultados do seu trabalho. Ali sim, são formados líderes e, acima de tudo, gestores competentes e sucessores altamente eficazes.
Steve Jobs, um astro? Sem sombra de dúvidas. Um ídolo? Sem sombra de dúvidas. Um visionário? Sem sombra de dúvidas. Um empreendedor? Sem sombra de dúvidas. Um CEO? Com certeza. Um líder? Se vamos ter que julgar pela fama e aparição pública, fico me perguntando em que galeria colocaria Mandela, Luther King, Roger Agnelli (Natura), Ivan Zurita (Nestlé), Norberto Odebrecht, incluindo aí os seus sucessores (Emílio e Marcelo), entre outros. Aliás, o mundo moderno está cheio de astros a nos confundir no aprendizado do que seja um verdadeiro líder. Basta dar uma olhada em volta para lembrar. A Folha diz: "Os equipamentos com prefixo "i", que na pronúncia em inglês significa "eu"". Eu digo: um líder em si mesmo, CEO de uma organização de um homem só. Pense nisso.
* Remulo Farias é consultor, diretor de Ações Estratégicas da ABRH-BA, sócio-diretor da CORPS3 empresa especializada em Gestão Empresarial e um dos mentores do Programa de Gestão para Resultados que transformou a empresa alagoana de Saneamento CASAL em um organização superavitária e premiada pelo Sesi e pelo PNQS como um dos melhores modelos de Gestão em Saneamento.
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